Raquel Evangelina
Em tempos, ditos, normais estaríamos em plena Semana Santa. Não é que não estejamos à mesma mas, honestamente, lembra-vos a Páscoa? A mim, não.
Religiões, e tradições, à parte, a Páscoa era, para mim, significado de família toda reunida, roupa nova e mesa farta. Este ano não será assim. Tal como no ano passado também já não foi. Desde o início de 2020, que temos feito várias adaptações na nossa vida, em que até o que sempre foi da mesma forma deixou de o ser.
Não teremos oportunidade de nos reunir todos em volta da mesa, para compensar o ano perdido. No entanto, e sendo crentes, ou não, creio que há algo que poderemos manter desta época, o espírito de que devemos ser melhores pessoas, connosco e com os outros.
Porque não ligar a quem andamos a adiar? Seja para dizer Olá, ou para esclarecer que certa atitude não nos agradou.
Porque não respirar fundo antes de “nos passarmos” com o colega que nos está sempre a tentar prejudicar? Lembrar sempre que as atitudes que toma ou o que possa dizer sobre nós diz muito mais sobre ele.
Porque não ter mais paciência com os outros? Nem todos temos o mesmo registo. Nem todos conseguimos nos desenrascar tão rapidamente nesta ou naquela função.
Porque não perdoar? A pessoa que nos magoou. A pessoa que nos tenta magoar. A pessoa de quem esperávamos algo e não correspondeu. E sobretudo a nós próprios. Por termos acreditado, por termos ficado vulneráveis, por errarmos. Todos erram. É a vida.
Porque não tentar fazer tudo isto durar mais que uma semana, ou datas específicas?
Porque não fazer disto um modo de vida? E todos os dias tentarmos ser uma versão melhor de nós próprios?
Faço votos de uma Páscoa, reinventada, adaptada, sem família, mas Feliz! Que não nos falte, ao menos, amêndoas… Para ainda haver algo doce.
E que não nos falte também a vontade de sermos melhores, para os outros, e principalmente para nós.