Mateus Oliveira
A chegada de Abril faz surgir os primeiros vislumbres do que serão as eleições deste ano. Também eu, nesta dualidade de fascínio constante pela política e revolta permanente pela politiquice, me envolverei num projeto que, obviamente, me alimenta o sonho de ver a minha terra assumir finalmente a sua essência (sempre a essência) e o seu enorme potencial e real valor. Mas não é sobre isso que vos quero escrever, ainda que seja o enquadramento necessário para o tema desta minha crónica.
Efetivamente, quero falar-vos de pessoas e do modo como um sonho comum se transforma numa espécie de substância aglutinadora de indivíduos que, de forma abnegada, se propõem lutar pelo melhor para todos. Encanta-me a forma como, altruisticamente, se vão articulando – num momento em que as interações são obrigatoriamente condicionadas – no sentido de um propósito comum que almeja a algo maior. No fundo, o que verdadeiramente me deslumbra é perceber que a política ainda pode voltar ao que lhe constitui o cerne: um ideal.
Sabemo-lo todos que – há muito – que o âmago da política perdeu a sua intrínseca capacidade de servir para, em vez disso, ser um meio para outros fins. É aí que reside, por exemplo, a incapacidade de perceber o fim de determinados ciclos/projetos e é também por aí que os agentes políticos se perpetuam no poder, incapazes de sair de cena e de abrir portas a quem – dentro ou fora da sua linha de pensamento – se propõe fazer diferente. E, sobretudo, sem medo de que se possa fazer melhor. E hoje, por todas as contingências destes estranhos tempos, é fundamental que a política volte a si mesma e ao seu propósito maior, o de servir o povo. Porque, ébrios pelo poder e pelo protagonismo que determinado cargo lhes trás, são muitos os protagonistas políticos que se colocam num pedestal que os distancia do povo ao qual já não querem pertencer. E, meus caros, não há na política maior incongruência que esta.
A vida faz-se de escolhas porque, no limite, são elas que nos definem. Tal como os ideais que abraçamos. Num momento de enorme dinâmica e crescimento profissional, talvez não fosse a hora de entrar nestas lides. Mas, hoje como sempre, imponho-me ser fiel a mim mesmo e, lá está, aos ideais em que acredito. Sem medo. Com convicção. E com a promessa, a mim próprio em primeiro lugar, de que me manterei fiel a mim mesmo. Como pai, como filho, como companheiro, como amigo e como profissional. Do povo.