José Castro
O Ser humano como Ser psicobiosocioespiritual, é extremamente complexo, capaz das ações mais profundas, éticas, plenas de compaixão pelos outros Seres (humanos e não humanos) assim como ações vingativas com “prazer” em infligir sofrimento no outro e até de o matar! Esta é a nossa realidade! Se partilhamos do instinto de defesa com os restantes animais como garante da sobrevivência, infelizmente, vamos mais longe no uso da violência e utilizamo-la de forma “gratuita” pelos motivos mais fúteis!
Para piorar esta situação dois fatores extra potenciam a incivilidade e a violência. Além da ausência de “paz interna” individual que o impossibilita de pazear, acresce a união de pessoas (várias áreas científicas o explicam), formando grupos, com inúmeros elementos, liderados espontaneamente, ou não, pelo elemento mais “desequilibrado,” e consumindo frequentemente substâncias psicoativas. Estão criados os fundamentos da violência!
A final da UEFA Champions League, entre Manchester City FC e o Chelsea FC, no Porto, foi exemplo disso mesmo. Como pudemos “importar” por um dia apoiantes de equipas que não dignificam o futebol, desrespeitando regras básicas de civilidade e normativos legais fruto da pandemia? Qual a imagem e exemplo que eles espalharam aos apoiantes de outras equipas nacionais ou não? Qual o efeito perverso desta situação nas mentes jovens, sem imunidade a ambientes festivos e violentos?
Podemos pensar que afinal eles não são de cá, têm este comportamento “normal” nos países de origem, nós, os portugueses não somos assim! Será que não?
Infelizmente, basta recuar uns dias e não é que as comemorações por parte dos adeptos do Sporting (poderia ser outro clube qualquer) acabaram em violência?
A questão profunda que se coloca não é saber se havia plano ou não por parte das autoridades policiais ou condições para tal! A questão é: é possível comemorar seja o que for, de forma natural, autêntica, com alegria, sem “ódio” para quem perdeu e sem consumo de substâncias psicoativas? Mesmo em ambiente de pandemia não o poderiam fazer de forma contida, utilizando máscaras e distanciamento social? Claro que sim!
Claro que apenas estamos centrados nos apoiantes ( e felizmente que inúmeros deles não se comportam assim) , demasiado alegres pela vitória e demasiado ”alegres” pela bebida. Mas será que dentro de um campo de futebol nada disto ocorre?
O que aconteceu no jogo de Sub-11 entre o Juventude e o Bairro da Argentina, no Funchal?
Aqui a situação foi muito mais grave, pois estavam envolvidas CRIANÇAS. Se houve confrontos entre adultos, alegadamente também algumas crianças participaram no ato de violência! Qual o impacto da violência na mente de uma criança? Foi, infelizmente, umas das melhores práticas para uma educação para a violência! Será que enquanto sociedade é desses exemplos que precisamos? A violência cada vez mais fica “validada” na sociedade por situações completamente fúteis!
Se o futebol não suscitasse violência provavelmente as principais equipas não precisariam de ser escoltadas policialmente até aos locais de jogo! E apenas falamos de violência física. E a violência verbal presente quando é permitida assistência?
O futebol que defendo, é aquele onde apesar da normal disputa para vencer (perder nem a feijões), jogadores se respeitam, sem “jogo sujo” onde as capacidades e talentos são postas à prova com dignidade, ética e compaixão. Onde o vencedor não é arrogante e humilha o derrotado, e o vencido perde com dignidade. Onde, apesar dos apoiantes terem as suas preferências, podem conviver pacificamente. Onde festejar seja um momento de alegria, num ambiente de fraternidade e respeito sem necessidade de excessos.
O futebol também proporciona momentos intensos, emotivos, de cooperação e profundo respeito. Quando o jogador, Christian Eriksen cai no solo, tudo o que se passou depois foi exemplar. Dinamarca e Finlândia unidas na compaixão pelo jogador em causa.
Felizmente, que tudo correu bem e que esse espírito de união apesar das diferenças, possa subsistir para além dos momentos de tristeza.
Finalmente esperar que a seleção Portuguesa revalide o seu título e que os seus jogadores acreditem sempre, que até ao “lavar das cestas é vindima” pois um golo ocorre num qualquer minuto, seja no primeiro ou no último! Afinal, só é preciso um golo, o da vitór