Assinala-se, hoje, o 100.º aniversário natalício do Professor Doutor António Fernandes da Fonseca. Filho de Manuel Ribeiro da Fonseca e de Rosa Fernandes, nasceu na freguesia de Gondar, mais concretamente na Estrada Pombalina, concelho de Amarante, distrito do Porto, a 4 de agosto de 1921.

Frequentou a Escola Primária de Ovelhinha e o Colégio de S. Gonçalo, em Amarante, e completou o 7.º ano no Liceu Rodrigues de Freitas, no Porto. Cursou Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, tendo estagiado durante o último ano nos serviços de Neurologia do Hospital de Santo António e concluído a licenciatura a 24 de agosto de 1947, com a classificação de 16 valores.
Em 1953 foi contratado como 2.º assistente do 10.º grupo – Curso de Psiquiatria e Neurologia, da FMUP (…)
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António Fernandes da Fonseca destacou-se, ainda, pelo seu extenso contributo na vida cívica/política. Foi eleito deputado à Assembleia da República pelo Partido Socialista em 1976, tendo exercido funções ao longo de três mandatos.
É eleito para o I Governo Constitucional (1976-1978) (no vídeo) pelo círculo do Porto pelo Partido Socialista que ganhou as eleições, tendo Mário Soares como Primeiro-Ministro.
Volta a ser eleito no V Governo Constitucional (1979-1980), tendo ganho a Aliança Democrática, AM, onde surge uma mulher, pela primeira vez, à frente de um Governo – Maria de Lourdes Pintasilgo.
O seu terceiro mandato dá-se no VI Governo Constitucional (1980-81), sendo liderado, uma vez mais pela AD, neste caso, com Francisco Sá Carneiro e Diogo Freitas do Amaral à frente da Aliança.
Referir que recebeu a medalha de ouro do Município de Amarante, em 1985, dada toda a sua envolvência na elevação da Princesa do Tâmega a cidade, há 36 anos.
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Em 1940, publicou um livro de versos (poesia lírica), intitulado «Cantos Saudosos», onde aparece o soneto «Minha Aldeia».
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MINHA ALDEIA
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Ó minha aldeia rude, adormecida
À sombra misteriosa dos pinhais,
Que, num sonho de amor, abriste à vida
A alma secular de alguns casais.
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Na tua encosta amiga, ressequida,
Bebeu minh’alma tardes outonais
E sinto a mágoa triste e dolorida
De qu’rer matar a sede e nunca mais.
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Eu apar’ci em ti à mesma hora
Em que, milénios antes, uma aurora
Pintou de rubra cor tua paisagem,
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Instante em que nasci, teu filho-irmão,
Que p’ra sempre incrustou no coração,
Telúrico sentir da tua imagem.
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#Fonte: Jornal Mem Gundar, março de 1994
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Desde muito novo, há uma ligação à Casa de Vila-Seca, mais propriamente ao irmão de Pascoaes, Álvaro Pereira de Vasconcelos, que viu nele um promissor estudante, como, de facto, se viria a tornar.

Aliás, dessas vivências, nasce a ligação a Teixeira de Pascoaes, irmão de Álvaro e grandes tertúlias na Casa do Poeta em Gatão, já depois deste ter falecido.