Ana Ferreira
“Depois de, durante muito tempo, serem considerados como “profissionais acima de qualquer suspeita”, os professores estão hoje no centro da turbulência que afeta a escola e a educação em geral. O seu estatuto social diminuiu, a sua identidade profissional diluiu-se, a legitimidade institucional do seu trabalho é posta em dúvida, a eficácia dos seus métodos de ensino é contestada.” Barroso (2005, p. 173).
As exigências que se colocam aos professores são cada vez mais desafiantes, na medida em que, cada vez mais, se traduzem na atuação em várias áreas; social, económica, cultural, ambiental, sexual, saúde e política. E são estas exigências e estes novos papéis que desempenham que contribuem para uma crise de identidade profissional.
Considero que ser professor, nos dias atuais, é uma profissão de amor, entrega e coragem. É uma profissão desafiante, quer devido às inúmeras dificuldades que um docente passa ao longo da sua carreira profissional, quer pela exigência dos diferentes papéis que desempenha ( pai: mãe: psicólogo: tutor; assistente social; socorrista; confidente e às vezes multibanco!) E estes são os grandes e verdadeiros desafios de ser professor!
Para além destas questões “inimagináveis”, existem as outras “mais palpáveis” relacionadas com superlotação nas salas, ausência dos pais nas escolas, falta de autonomia pedagógica, violência, baixo salário, excesso de burocracias, más políticas educativas e direções de escola com pouca “compaixão e empatia” pelos seus pares, exigindo aos docentes uma panóplia excessiva de documentação, reuniões em excesso e fora de horas, implicâncias “mesquinhas” e sem qualquer valor pedagógico numa estratégia de diminuição da valorização da profissão e dos seus pares.
Uma enorme mudança de paradigma, infelizmente para pior!
Uma profissão que outrora foi de reconhecimento e de objetivo futuro para crianças e jovens, hoje é uma escolha repudiada e que nos leva ao ponto em que nos encontramos: há falta de docentes no sistema de ensino português. Situação que tende a piorar até porque a classe está envelhecida e os mais jovens não vêm atratividade nenhuma na escolha desta profissão, que apresenta uma carreira sem grandes perspetivas de progressão e de melhoria de qualidade de vida. A par disto, as questões socias e de relação com os alunos e encarregados de educação está “violenta”.
Neste momento, considero que ser docente é uma profissão de grande desgaste psicológico, que socialmente é pouco reconhecida ou valorizada.
Uma nova mudança de paradigma é fundamental! Porque a educação é o pilar de desenvolvimento de uma sociedade equilibrada, justa e capaz.
Em Portugal, a educação está perdida!
Por isso, a sociedade também se perdeu.