Caminhei, tropecei e caí. Caí fundo e afundei num poço sem saída! Tantas guerras que consigo ver neste fim do mundo – que conceito é este, que ainda é tão vago? Confesso que se torna cada vez mais complexo analisar os temas da atualidade, porque todos eles, na sua essência, contêm uma gota de guerra.
Desde sempre me lembro de apreciar meios de comunicação social. Embora faça parte de uma geração onde a evolução tecnológica atinge o seu apogeu, claramente que a minha personalidade cética contribuiu para que soubesse quais as fontes mais credíveis (muitas vezes tenho vontade de ter mais uns aninhos, só para dizer que acompanhei a viragem do século). Tenho, na minha memória, recordações de quando comecei a elaborar os meus primeiros trabalhos escolares e tinha a preocupação de verificar várias fontes para garantir a veracidade da informação. Esta tarefa, no meu entender, está a tornar-se enigmática, na medida em que a pesquisa está a afunilar, restringindo-se somente à internet. Quando frequentava o 1.ºciclo (a escola primária, como diriam as gerações anteriores à minha), recordo-me de falarmos sobre os diversos elementos que podiam ser tidos em consideração para a realização de trabalhos de pesquisa. A internet liderava, mas os livros, os jornais e as revistas também podiam ser alvo de estudo. Todas estas ferramentas são válidas e, quando usadas em simultâneo, são a chave para trabalhos de sucesso. Muitas vezes fala-se da falta de preparação dos jovens pré-universitários na realização de trabalhos académicos, no entanto, não é nada que me surpreenda! Quando existem estudos que comprovam que, nos 12 meses anteriores ao início da pandemia, 80% dos portugueses não entraram numa biblioteca ou arquivo, sendo esta uma realidade transversal a todas as faixas etárias, ficamos com a prova de que esta problemática tem várias explicações.
Mais, sabendo que esta tendência é acompanhada pela escassa frequência das visitas a monumentos ou espetáculos. Se a pandemia, também ela uma guerra, poderia estar na base destas situações, dá ideia de que, efetivamente, só a hipocrisia do ser humano pode ser o verdadeiro problema. Uma guerra no tratamento da informação e respetivas fontes ou uma guerra no consumo da cultura, que é o suporte das sociedades, que as define, que lhes confere a sua identidade – qual delas a maior? Eis a questão! Se 61% dos portugueses não leu qualquer livro no último ano, está visto que, mais uma vez, estas questões têm explicação. ‘’Os livros são caros!’’ é uma afirmação legítima, mas se a frequência das bibliotecas, que dispõem de livros gratuitos para acesso das populações, é fraca, algo não está coerente!
Posto isto, e porque o mundo, como referi, está cheio de guerras, não podia deixar de mencionar os conflitos armados entre a Ucrânia e a Rússia. Se podia usar argumentos contra ou a favor? Podia, pois, mas prefiro abster-me. Não existem argumentos que justifiquem esta atrocidade. Uma vez mais, a crueldade humana consegue ultrapassar o inimaginável. Todos estamos envolvidos nesta tragédia. Que quem não tem teto, não tem família, não tem comida, consiga sobreviver, porque nunca ninguém disse que viver passava por tanta miséria! As sirenes que tocam pela Ucrânia são símbolo de medo, de perigoso, de instabilidade…Gratidão por estar onde estou!
Carpe diem, quam minimum credula postero (Horácio)