José Castro
E já lá vão 48 aninhos sobre o 25 de abril. Após este tempo, infelizmente, ainda se constata no nosso país desigualdade, discriminação, corrupção, violência, etc. Obviamente que uma democracia frágil é sempre preferível a uma “ditadura” forte! O que se melhorou no campo do ensino, investigação, saúde, etc, foi imenso. Posso estar equivocado, mas dá a sensação que após essa explosão de melhoria, Portugal estagnou! É preciso comparar todos esses índices de desenvolvimento com os de outros países! Por exemplo, em 1975 Portugal apresentava um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,791 valores e em 2019 apenas de 0,864 valores, abaixo da Eslovénia, Estónia, Lituânia e da Letónia. Seria possível fazer melhor? Claro que sim! Mas, apesar de tudo, é simplesmente maravilhoso, poder expressar a minha opinião, utilizar livremente os meios de comunicação social, redes sociais, etc. A liberdade de concordar e discordar, a liberdade de decidir, de escolher, de participar ativamente pelos ideais com que nos identificamos (sejam políticos ou religiosos), é algo pelo qual todos nós, deveríamos estar gratos àqueles que idealizaram e materializaram o 25 de abril, onde muitos arriscaram a vida e alguns a perderam mesmo! Se por um lado as comemorações do Dia da Liberdade voltaram ao normal (grandes festejos, discursos cheios de boas intenções) tendo em conta as duas anteriores edições, por outro lado estas acontecem num ambiente social, nacional e europeu anormal. Não podemos esquecer que a pouco mais de 4000 km está um povo europeu (fosse de que continente fosse) que nem tem liberdade para viver! Povo que está a ser assassinado, torturado, violado, aniquilado! Cidades e aldeias completamente destruídas! Apesar disso, muitos estão mais preocupados com outros detalhes: quem induziu a guerra, quem vai ganhar com ela, quem vai ganhar depois dela. Claro que temos de pensar nisso para que termine a hipocrisia de muitos países, ou a “inocência” de outros com seus interesses militares escondidos e negócios escuros que nem teremos conhecimento….mas neste momento milhares de seres humanos, crianças, mulheres, estão a morrer. A Europa (e o resto do mundo) assiste assim impotente perante tudo isto, apesar das ajudas militar e monetária a prestações, à Ucrânia. Admite-se uma chacina destas, por ser o menor dos males perante um outro cenário que seria uma guerra mundial!
Algumas ilações, no entanto, podem ser retiradas destes acontecimentos. Obviamente que outras guerras estão a acontecer, mas além destas, milhares de seres humanos morrem de fome, sede, doenças perfeitamente curáveis, etc. “Pensava-se” que não haveria meios monetários para combater toda esta desigualdade…mas para armamento há sempre mais uns milhões. E vai haver mais, pois, uma grande parte dos países europeus vai dedicar mais alguma percentagem do seu PIB para armamento. E assim se faz a paz, onde cada um se vai “armar” o mais possível ou se “encosta” a um grande! O medo, sempre o grande controlador da humanidade e limitante da Liberdade!
Estamos em pleno séc XXI. Um mundo VICA (volátil, incerto, complexo, ambíguo) é cada vez mais uma realidade. Mas o mundo é exatamente aquilo que os humanos criaram. E se criaram esta versão do mundo, também podem criar uma outra versão bem mais humanista, ética e fraterna. É urgente ter organizações nacionais e internacionais que funcionem quando são precisas e atuem preventivamente. É urgente ter mecanismos efetivos para colocar em prática o Direito internacional através do Tribunal Penal Internacional, de forma neutra e justa, seja qual for o país visado. É urgente um trabalho profundo para a promoção de uma educação para a paz, na promoção de um mundo sustentável e sensível para com todas as forma de vida. É urgente pazear.