Ricardo Pinto [Editor BIRD Magazine / Amarante e as Suas Freguesias]
O título desta crónica faz parte de um dos êxitos de José Cid, mas bem que se podia adaptar à Romaria a S. Gonçalo 2022. Foram 3 dias de grande festa «e o povo saiu à rua/ com a alegria que costumava ter».
O grupo Amarante e as Suas Freguesias, cuja gestão é feita pela revista online BIRD Magazine, assinalou os principais momentos, que foram partilhados, gostados e comentados, de forma efusiva, pelos seus leitores, principalmente pelos nossos queridos emigrantes, que mesmo longe não deixaram de festejar com os milhares de romeiros, oriundos de vários pontos do país e do mundo.
Na sexta-feira, à noite, o Largo de S. Gonçalo acolheu o tradicional despique de bombos, que fazia vibrar o coração, a cada batida que ia ganhando intensidade pelo braço do seu tocador.
Pelo meio, um pequeno desvio a uma barraquinha para recuperar energia, seja com cerveja, fartura ou cachorro quente.
Os mais pequenos, esses, perdem-se de encantamento no parque de diversões, onde a luz, o som e movimento, enchem de magia o seu olhar. «Mais uma fichinha, mais uma voltinha».
A noite já vai longa, mas os romeiros não querer arredar pé e parece que Pascoaes não vai mesmo dormir. Valha-lhe a companhia de Amadeo – a Alameda está repleta.
Pela manhã de sábado, a brisa traz o sossego, mas por poucas horas. Os bombos, voltam a encher as ruas da cidade de alegria, acompanhados pelos «Cabeçudos Gigantones». Há que visitar a Feira de Gado autóctone e conhecer as belas raças de bovinos.
A tarde traz as bandas musicais, onde os sons dos instrumentos percorrem cada lugar da Princesa do Tâmega.
À noite, o Largo de Santa Luzia e o Largo do Arquinho, recebem os Ranchos Folclóricos, que expressam a identidade cultural da sua freguesia de origem. Nem o Conselheiro António Cândido se escapa a um bom vira.
Festa que é Festa, tem de ter o seu artista musical. O Largo do Campo da Feira recebeu o Emanuel e foi um verdadeiro «hino da alegria», onde o «senhor guarda não levou a mal» tanto carro a subir passeio a cima.
E antes que seja tarde, há que descer as ruas, há que ser apertado na Ponte de S. Gonçalo, dado que o melhor está pr´a chegar, com o espetáculo piromusical em pleno Rio Tâmega, onde as guigas levaram os romeiros a sentir a amarantalidade presente neste evento único.
O fim do último foguete não significa o recolher a casa, bem pelo contrário – A Alameda volta a encher, ao som dos DJ´s convidados.
Óh meu rico S. Gonçalo, ninguém está esquecido de ti, porque para além de seres o santo casamenteiro das velhas, também o és das novas, já que são várias as que querem dizer o “sim” no teu grandioso Mosteiro.
A manhã de domingo fica marcada pelo Desfile dos Romeiros, que com cravos vermelhos enchem os tabuleiros, mas isto de rimar é mais para quem sabe, porque se há despique de Bombos, também o há de poesia, que o diga o António Patrício e o Aníbal Rodrigues:
“S. Gonçalo, em ombros velhos Bonito vai no andor, Feito de cravos vermelhos E de promessas d’amor.” (Aníbal Rodrigues)
“São Gonçalo no andor / Olha os cravos sorridente / São promessas de amor / Desta tua e nossa gente.” (António Patrício)
“Diz o Santo cabisbaixo, Virando a Deus o seu pranto: Tudo estragado lá em baixo. Eu já não quero ser Santo.” (AR)
“São Gonçalo pediu a Deus/ Com os olhos a chorar/ Perdoa os pecados meus / Por tanto este meu pecar.” (AP)
“Hoje é dia de procissão/ São Gonçalo que vais no andor / Ouve a nossa oração/ Faz este mundo melhor.” (AP)
“Bem sei que temos diabos/ Nem é preciso prová-lo! Valem menos de que os cravos/Do andor de S.Gonçalo.” (AR)
“É dia de procissão/ Corações engalanados/ De amor com devoção/ Por sonhos realizados” (AR).
Por falar em procissão, há que tirar as colchas dos armários, para à varanda as pendurar. Dizem-nos que algumas têm mais de 100 anos.
Prestes a começar, nem a Dona Gracinda quer faltar. Sentadinha ao lado do marido, no Nosso Café, há que aguardar.
Santa Luzia, Santa Maria Madalena, Nossa Senhora de Fátima, Santo António, São Pedro, São Veríssimo, Senhora da Assunção e a Senhora do Rosário, acompanharam em Procissão o nosso anfitrião, S. Gonçalo, que há muito comemorou o seu jubileu de platina.
Este ano, não tivemos as Marchas Populares para o encerramento em beleza, mas para o ano voltarão, com toda a certeza.
A cidade de Agustina foi, assim, o ponto de encontro de uma enorme multidão, que todos os anos, no primeiro fim de semana de junho celebra o seu Padroeiro, S. Gonçalo de Amarante.
Foi bonita a festa, pah!