Rafael Cardoso
O Verão conta com praticamente um mês e muitas pessoas já tiveram, estão ou ainda vão ter as suas merecidas férias e, assim, aproveitar o bom tempo que se faz sentir. Esta época do ano caracteriza-se não só pelo aumento da temperatura média como também pela diminuição da precipitação total. De facto, nos últimos dias, Portugal (principalmente as regiões do interior) tem sentido um calor abrasador e, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), este veio para ficar…
É verdade que um dia de sol traz consigo uma alegria especial. As pessoas estão mais bem-dispostas, sentem-se mais animadas, saem e convivem mais. No entanto, é importante estarmos cientes que a exposição ao calor intenso, principalmente nas horas de maior perigo, pode trazer repercussões ao nosso organismo, tais como náuseas, vómitos, tonturas, dores de cabeça, mudanças no ritmo cardíaco e cãibras musculares. Em casos extremos, podem verificar-se sintomas mais graves, pelo que cuidados médicos rápidos são fulcrais.
Além disto, a subida da temperatura ambiente provoca um aumento da temperatura corporal. Porém, o nosso organismo rapidamente responde a este estímulo externo e, de forma a conseguir atingir a homeostasia, começa um processo de “arrefecimento” onde transpiramos mais. O problema é: quanto mais transpiramos, mais água o nosso corpo perde e, portanto, o risco de desidratação é maior. Para evitar esta situação, é essencial manter um bom nível de hidratação, por isso, beba líquidos ao longo do dia, mesmo não sentindo sede (sinal de alerta da desidratação).
Para se hidratar pode recorrer à água simples, às águas aromatizadas com fruta (laranja, limão, ananás, maçã, lima, …), hortícolas (pepino, aipo, …), especiarias (canela, gengibre, …) e/ou ervas aromáticas (hortelã, manjericão, …), às infusões, ao leite e aos sumos de fruta (preferencialmente, os espremidos no momento), bem como aos alimentos sólidos ricos em água, nomeadamente os hortofrutícolas (pode ingeri-los crus ou cozinhados) e as gelatinas, evitando adicionar açúcar às opções anteriores e escolhendo as versões “sem açúcares adicionados”.
Outra forma de se hidratar é a sopa. Sim, leu bem! Apesar de ser pouco aceite nesta época do ano, a verdade é que a sopa não só é uma boa fonte de água, fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes, como também é de fácil digestão, tem um baixo custo, é fácil de preparar e conservar e ajuda a regular o apetite. Se ainda não está convencido(a), relembro que a pode comer fria.
Por outro lado, nos dias de calor intenso, deixe de parte as bebidas alcoólicas, muito açucaradas ou com cafeína, pois promovem a diurese (produção de urina pelo rim) e, portanto, maiores perdas de água corporal.
Para entender melhor o estado de hidratação do seu organismo, isto é, se a quantidade de água que bebe está ou não adequada, vigie a sua urina, atentando para as suas características. Recorde-se que esta não deve ter cheiro nem cor e deve ser abundante.
Nesta época do ano, outro fator que poderá levar a um maior risco de desidratação são as infeções alimentares, pois as temperaturas elevadas são propícias ao crescimento de microrganismos. Caso leve comida para o trabalho, praia, rio, piscinas ou até faça um piquenique de fim-de-semana com a família, considere o que foi dito anteriormente e evite que os alimentos fiquem diretamente expostos ao sol. No caso de alimentos como os laticínios, o marisco, os ovos e alguns tipos de fruta, acondicione-os e transporte-os em geleiras ou malas térmicas, recorrendo a placas frias de refrigeração. Se não lhe for possível utilizar este equipamento, evite transportá-los, bem como molhos, folhados, gelatina e produtos de pastelaria com creme. Além disso, dê preferência ao pão, aos frutos oleaginosos (nozes, avelãs, amendoins, …) sem sal e aos hortofrutícolas que resistam ao calor. A preparação dos alimentos deve ser feita no dia, lavando os alimentos frescos e acondicionando-os em recipientes adequados ao transporte. Antes de iniciar a preparação, lave sempre as mãos e os utensílios, não usando os mesmos para alimentos diferentes, crus ou cozinhados. Lembre-se que é complicado perceber se um alimento está ou não contaminado a partir das suas propriedades organoléticas.
Para terminar, planeie as suas refeições, tornando-as mais frequentes e evitando preparações culinárias mais pesadas e condimentadas.
Em suma, siga os conselhos dos especialistas, de modo a prevenir qualquer tipo de transtorno no organismo, que possa ser causado pelo aumento da temperatura. Dê especial atenção às pessoas de risco, nomeadamente às crianças, idosos e pessoas doentes, incentivando-os à hidratação frequente e mantendo-os resguardados do calor.