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A PERFEIÇÃO DO UNIVERSO E A ABERRAÇÃO HUMANA

Regina Sardoeira

Tenho andado a (re)ler um livro de Física, intitulado Simetria Perfeita de Heinz R. Pagels, o mesmo que me ajudou a compreender a física quântica há alguns anos, e muitas reflexões tenho feito não só acerca da formação e composição do Universo, mas também sobre o nosso planeta e os seus habitantes humanos. Percebo que tudo o que constitui o Universo, desde o nosso sistema solar, até às galáxias, desde o nascimento das estrelas e a sua morte, desde as cefeides, os quasares, as nebulosas, os buracos negros, até às poeiras siderais, às energias cósmicas, etc. é de uma beleza e harmonia extraordinárias e que a perfeição está lá nesse todo ainda pouco conhecido, mas já apreendido.

A seguir, penso na humanidade, que habita um planeta, também ele perfeito, e vejo que somos feitos da mesma matéria, energia ou poeira e contudo temos vindo a rejeitar essa perfeição que em nós também existe e é a nossa marca cósmica.

Tento denodadamente compreender como foi possível esta humanidade, que todos somos, degradar a sua inicial perfeição e tornar-se um erro de tal modo profundo que só lhe resta a aniquilação.

O mundo tornou-se, pela acção iníqua dos homens, um sítio feio, desequilibrado, qantas vezes horrendo e assustador. Não há como escapar às acções nefastas dos homens, nenhum lugar se eximiu à sua presença, pois que o invadem de imediato e o corrompem. E eu não percebo como deste universo perfeito, desta simetria perfeita, como diz o título do livro, pode nascer um tal aborto.

São baixos, térreos e mesquinhos os padrões pelos quais o homem avalia a natureza, a vida animal e vegetal as montanhas, as árvores, os rios. Dizem: o rinoceronte é feio, estas ervas são daninhas, aquele cão é horrível etc. e não entendem que por trás desses atributos que inventam para eles há todo um mundo poderoso, harmónico e perfeito, equivalente à ordem do cosmos de que nós somos a terrível excepção.

Há uma teoria designada panspermia que explica a origem do vida na Terra, e logo do homem, como sendo o resultado de uma espécie de sementeira cósmica proveniente, por exemplo de meteoros ou meteoritos e que terá encontrado locais para desenvolver -se e prosperar. Segundo esta hipótese, que não é consensual entre os cientistas, a semente encontrou aqui, na Terra, um ambiente favorável e pôde prosperar e evoluir. Logo tudo o que existe de vivo na Terra é, afinal, extraterrestre, participa do todo absoluto do qual não conseguimos ainda decifrar, com exactidão, o princípio e o fim.
A panspermia pode estar, afinal, errada; mas agrada-me, porque entendo que somos parte do Universo e com ele temos uma inevitável afinidade. E então porque somos imperfeitos? Porque negamos a perfeição que há em nós ou, se acaso a admitimos, é na designação básica e trivial desta ou daquela realização humana?
Decerto poderíamos viver para sempre ou até onde quiséssemos chegar. Mas insinuou -se em nós a crença de que a morte é inevitável e deixamos, impassíveis, que ela chegue e nos liquide. Mesmo assim, uma tal liquidação não acontece nunca já que a terra nos assimila e originamos nova vida.

Tudo o que tenho vindo a escrever baseia-se em estudos científicos (e a ciência está muito longe de ter as respostas que procura há milénios) e também na minha reflexão pessoal. Olhando a perfeição do Universo e sabendo que dele somos parte indissociável , que a nossa semente biológica pode ter percorrido distâncias inimagináveis até se abrir no nosso solo fecundo, que o homem é o expoente máximo entre os seres da natureza, não consigo entender a progressiva degradação do homem e do seu único habitat, por ele levada a cabo.

A ciência está ainda muito atrasada na investigação do Universo e eu não encontrei ainda a explicação deste paradoxo: o Universo é perfeito e nós, dele advindos, dele sendo parte, somos uma aberração.

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