A aventura começa não sabemos quando, porque os sinais estão ocultos e nenhum mapa dirige os passos ousados que vamos traçando em areias ou mar, e a inquietação estremece-nos na ponta dos dedos
com que imprimimos pegadas no deserto do tempo.
A aventura prossegue a sua empresa audaz, por rios e bosques, e algures a sombra vai cerrando luzes e a razão escarnece os desígnio de espanto com que a imaginação tece o vestuário do ser; e um dia acordamos na enseada de um porto e percebemos o caminho e os tropeções e a dor.
A aventura é o sinal de que a existência corre em solidões ocultasde densidade infinita, e o transreal acontece na fímbri a de um sonho para mostrar-nos o mundo, entendido ou sonhado, e contudo presente, ora aqui, ora ali.
A aventura nasceu e cresceu e, aos poucos, era a verdade e o caminho e por ele corríamos, ofegantes e mudos, e a ela aportávamos, ora crentes, ora sábios, e mesmo quando a névoa nos barrou o caminho encontrámos a senda e a vitória e a luz.