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Cidadania e Sociedade

MAUS TRATOS A IDOSOS

José Castro

A crónica de hoje é mais um “desabafo” perante as imagens que apareceram na comunicação social sobre o que alegadamente aconteceu no lar da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime. Apesar dos factos datarem do mês de junho, só em setembro houve a presença das autoridades no respetivo lar, infelizmente após a morte da idosa visada.  

No decorrer da pandemia, onde os idosos foram os mais afetados, detetaram-se na implementação das medidas de contingência, lares ilegais e lares onde alegadamente ocorreriam maus tratos. Perante a grande “surpresa” da altura, presumi que fosse intenção das autoridades competentes fazer “auditorias” de surpresa, de forma planeada e consistente a todos os lares quer particulares ou do estado! Teria sido uma boa oportunidade de otimizar e humanizar estes serviços essenciais num país tremendamente envelhecido. Claro que os governos só têm dinheiro para comissões e mais comissões, nomeadamente para a escolha do novo aeroporto, onde já foram gastos mais de 70 milhões de euros…para nada!  Claro que se promete “emprego” remunerado em muitos milhares de euros para serviços de consultoria que depois “por milagre”…já não são precisos. Perante a constatação destes factos, o cidadão comum fica indignado e sempre do lado de quem sofre, do explorado ou da vítima. Esta revolta intensa (ainda que pacífica) não se deixa abalar pelas migalhas de “euros” distribuídas no próximo mês de outubro. Afinal, o dinheiro só regressa ao seu dono legítimo! 

Por vezes diz-se que “quem não sabe fazer melhor, não tem que criticar.” Apesar de concordar na generalidade com esta frase, a indignação não resulta de uma visão técnica ou científica diferente de gerir as respostas sociais aos nossos muitos idosos (não possuo atualmente conhecimentos para tal), mas apenas dos valores éticos e da dignidade humana que estão em causa e que não estão em consonância com um sistema de valores de uma democracia “amadurecida”. Mas, maus tratos num ser humano? Ser consumido por formigas? Em Portugal, no séc. XXI? Quem dera que a imagem resultasse apenas de uma manipulação de mau gosto! Infelizmente, alegadamente, a “gestão de topo” nada soube do acontecimento. Infelizmente, a “gestão de topo” por vezes apenas sabe ficar no topo, não interagindo com os seus colaboradores da base! Por sua vez, estes não comunicam os acontecimentos “anómalos” aos seus superiores, por receio de represálias. O clima organizacional é algo complexo, multifatorial e cada caso é um caso. Não há clonagens de “culturas organizacionais” em organizações diferentes com pessoas diferentes. Mas é obrigação de todo o cidadão, após detetar quem precise de socorro…alertar e comunicar para o número europeu de socorro, 112! 

Por uma questão de curiosidade, constato que os indicadores patentes na “cartasocial”  (https://www.cartasocial.pt/inicio) referem-se a dados de 2020 (ano completamente atípico) e o respetivo “Guia Prático – Apoios Sociais – pessoas Idosas” já fez uns belos 5 anos! 

Não vamos perder a esperança, pois como os nossos antepassados diziam, esta é a “última a morrer”.  Mas é preciso agir, sempre em prol dos seres mais desfavorecidos!

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