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Cultura, Literatura e Filosofia

ARTES OCULTAS E SAGRADA ESCRITURA

Rui Marques Araújo 

Na ancestralidade do Homem o mundo era já habitado por forças hostis, que urgia controlar ou, pelo menos, tornar benéficas. É neste contexto que surge a prática da magia, com a arte do mago e, num sentido mais pejorativo, a prática oculta dos bruxos e dos feiticeiros que, sendo figuras especiais, dotadas de características físicas e psíquicas, se diferenciavam do resto do comum dos mortais, conduzidos, por estes intermediários, às proximidades do mundo do mistério das forças celestes. Estas artes, não fundadas empiricamente e baseadas pretensamente numa sabedoria oculta ou esotérica, formam uma vontade, igualmente oculta, de dominar o tempo, a história e a humanidade. Todavia, esta primitiva presença da magia na vida do ser humano haveria de conhecer uma razão mais alta, isto é, a natureza religiosa do próprio Homem que, fazendo-se sentir em toda a sua existência de criatura gerada pelo Criador, o provoca no sentido da procura de uma direção para a sua existência, para a vida e para a morte pois, incapaz de se salvar por si mesmo, não se conforma com a ideia de que tudo acaba post mortem, condição própria do ser finito e contingente.

Estas duas realidades veem-se confrontadas na vida do ser humano. Se num primeiro momento até podem estar em relação, porque as práticas mágicas juntam numa só solução várias essências, inclusive a religiosa, rapidamente nos apercebemos que são contrárias pois, o que até ali parecia ter cunho religioso revela-se antes excrescências, que se situam na margem da verdadeira religião e da racionalidade, tendo antes a ver com a superstição e a irracionalidade. A religião procura, assim, instaurar um “quadro de diálogo com a divindade baseado na adoração, na aceitação e no reconhecimento da Sua superioridade; ao passo que a magia procura manipular o sobrenatural e instrumentalizá-lo ao serviço de algum fim”[1].

Na prossecução destes pensamentos e na panorâmica da vigilância da Igreja, deparamo-nos com o caso da abordagem analítica ao fenómeno da magia não ter presidido, quer no passado, quer no presente, às preocupações que assolam aqueles que abraçam a Boa Nova do Filho de Deus. Contudo, esta despreocupação não impediu a Igreja de, segundo os mandamentos contidos na Sagrada Escritura, condenar a magia e todas as práticas afins a esta, inequivocamente. Portanto, todos aqueles que creem em Jesus Cristo, como Salvador e Senhor das suas vidas, devem ter sempre como fundamento, do certo e do errado, a Bíblia Sagrada, considerada a regra de fé e prática.

Por este e outros motivos, e na consciência de que a advertência bíblica é hoje mais atual e urgente que nunca, nos passos que se seguem, vamo-nos deter, ainda que de uma forma sucinta, na Sagrada Escritura, mais concretamente no Antigo e Novo Testamentos. Desde logo, é importante referir que nas Escrituras a magia é uma realidade, bem como a condenação geral do oculto. A Sagrada Escritura, reconhecendo Deus como governante, afirma que Ele detém a jurisdição sobre a humanidade e tudo o que ela encerra, daí a condenação evangelizada neste livro sagrado “não derivar tanto da suspeita de que as operações mágicas sejam aproveitadas para fins dolosos, mas sim (…) de a magia ser moral e socialmente perniciosa, pois se entrega ao que é proibido e violenta os ensinamentos divinos”[2].

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[1] Esperanza Bautista, op. cit., pág. 154.

[2] K. Seligmann, op. cit., pág. 37.

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