Raquel Evangelina
Os teus olhos já cansados,
que um dia viram mundo,
trazem momentos guardados
nesse teu zelar profundo.
trazem momentos guardados
nesse teu zelar profundo.
As tuas mãos velhas e doridas,
fruto de dias de labuta,
mostram cicatrizes, feridas
de tempos idos de luta.
O teu sorriso fugaz,
em tempos encantador,
quem diria ter sido capaz
de fazer morrer de amor.
E essas rugas que vincam
o teu rosto com severidade,
são marcas que sulcam,
trazem-te serenidade.
E aos que não te dão ouvidos,
sedentos de vida, de experimentar,
um dia estarão arrependidos
quando ocuparem o teu lugar.
Esquecem que já foste Primavera,
no teu esplendor, florida,
apenas vêem a serena espera,
o outono de calma contida.
E um dia, quando já não estiveres,
a tua existência tenha sido vencida,
ficam as memórias, ditos e saberes,
o teu legado de vida.