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Cidadania e Sociedade

HUMANOS BIPOLARES?

José Castro

No mês passado, dois acontecimentos foram amplamente divulgados na comunicação social. Esses dois acontecimentos tiveram os mesmos efeitos: destruição, morte, feridos e refugiados. Esses acontecimentos apresentaram causas distintas e mobilizam ajudas distintas! Estamos a referir-nos à Guerra (na Ucrânia e noutros lugares não mediáticos) e aos Sismos na Turquia e Síria. Enquanto que nuns países, prédios em ruas inteiras caíram de causas naturais (provavelmente não na totalidade!) noutros, prédios e cidades inteiras foram deliberadamente e conscientemente destruídas por bombas e mísseis. Claro, que apesar de todas estas tragédias vemos equipas de todo o mundo de ajuda humanitária a atuar na minimização de todos estes efeitos. Mas também vemos um aumento da produção de armamento (cada vez mais sofisticado e letal), produção essa que, infelizmente não será apenas para defesa…mas igualmente para ataque. Não aprendemos com os cerca de 20 milhões de mortos da primeira guerra mundial e os mais de 60 milhões de mortos da segunda! Também não aprendemos com os grandes tremores de terra no Chile, Indonésia, Haiti e mesmo em Lisboa, continuando-se a desprezar deliberadamente ou não, construções “verdadeiramente” anti sísmicas! 

A humanidade é “bipolar.” Por um lado quer salvar, por outro lado quer destruir e matar! Por um lado tem conhecimentos para evitar efeitos destrutivos, por outro lado não os põe em prática de forma sistemática! Por um lado procura-se a paz, por outro vêem-se surgir cada vez mais mediadores “duvidosos” e a indústria de armamento não pára de se desenvolver. Para quando decidimos fazer apenas a “parte” positiva? Escolher deliberadamente algo extremamente nocivo (a morte) em detrimento de algo pacífico (a vida), demonstra o quanto ainda é “primitivo” o ser humano! Alegadamente, essa escolha seria relativamente fácil, dado o afastamento dessas duas possibilidades! Quanto mais se aproximam essa duas posições mais complexo fica tomar opções. Por exemplo, na União Europeia estima-se que cerca de 100 milhões de pessoas se encontrem no limiar da pobreza! Infelizmente, Portugal participa com mais de 2 milhões de pessoas para esse número. Claro que sabemos do esforço que os estados membros fazem para minorar a situação, mas seria possível fazer mais? Vamos imaginar (que bom que fosse real) que não existia a guerra da Ucrânia. Será que a União Europeia teria disponibilizado os 67 mil milhões de euros que entregou à Ucrânia para combater a pobreza dos estados membros? E Portugal, teria feito o mesmo com os 250 milhões de euros ao longo dos três anos? Provavelmente não! Mas é o que está acontecer para ajudar a Ucrânia! Não estamos obviamente a dizer que essa ajuda não deva ser feita! Uma coisa é promover o ataque outra a defesa e ajuda humanitária! A questão é, não vamos ajudar o nosso povo, pois pode surgir uma guerra num qualquer outro país europeu e necessitamos de verbas disponíveis? Todos sabemos que a situação de pobreza era anterior ao cenário de guerra! Claro que nem todos percebemos de macroeconomia, nem de micro…talvez de femtoeconomia! Apenas constatamos que perante pandemias, guerras, aparece o dinheiro (ainda bem), mas para os males crónicos da humanidade, como a pobreza, a fome, etc, o processo é muito mais lento e passou a ser “tradição” no planeta Terra! Não estão (todos) os povos sensíveis a este sofrimento e morte? 

Felizmente que o lado positivo também existe. Nesse sentido, há que admirar profundamente quem faz voluntariado, quem desinteressadamente ajuda o próximo (humanos e animais) com risco da própria vida! Muitos de nós fazemos voluntariado, mas o nosso é para “meninos”. Outros, no exercício das suas profissões, médicos, jornalistas, etc, arriscam a vida e infelizmente muitos acabam por perdê-la. 

Uns matam! Outros salvam. Uns financiam vida, outros financiam morte! Que possamos contribuir para o fim da bipolaridade e fazer prevalecer o lado da ética, da felicidade e da paz entre todos os Seres. 

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