Ricardo Moutinho Guilherme
(Medicina Estética e Antienvelhecimento)
Atualmente, tem-se debatido a temática sobre casos de homens que procuram tratamentos na área de Medicina Estética. Com o objetivo de conferir ao rosto um aspeto mais atraente, menos cansado ou triste, mais fresco e relaxado, ou mesmo a nível corporal para uma maior definição, menor flacidez e, eventualmente, uma redução de gordura localizada, a verdade é que a procura por técnicas estéticas tem aumentado de forma expressiva no sexo masculino.
O rosto, frequentemente, é o primeiro ponto de contacto nos relacionamentos interpessoais, sendo que o olhar ganha especial importância na primeira impressão. É a nossa plataforma de interação com o resto do mundo, permitindo-nos comunicar nas formas verbal e não verbal, revelando sentimentos e emoções. Uma face (e corpo) mais atraente permite-nos beneficiar de uma maior autoestima e, subsequentemente, ter mais confiança e habilidade para socializar satisfatoriamente, incluindo ganhos na performance profissional. Esta premissa é válida para ambos os sexos.
A autoestima tem, por isso, ganho maior importância com a crescente consciencialização da relevância da exposição pública. As lesões ou imperfeições que têm consequências estéticas e funcionais, podem ganhar um grande peso e destaque no nosso dia-a-dia.
Neste sentido, é essencial desmistificar a ideia de que a Medicina Estética seja exclusiva do sexo feminino. A beleza masculina deixou de ser um tema tabu, ganhando influência na nossa sociedade através da maior abertura e difusão de informação; aqui, um dos grandes dinamizadores tem sido a informação veiculada nas redes sociais digitais pela divulgação de imagens, porventura em populações cada vez mais jovens. Tem-se verificado uma crescente aceitação nas novas gerações, sem pudor em revelar que procedimentos estéticos realizam; apesar disso, recebo frequentemente na minha consulta de Medicina Estética pacientes do sexo masculino de praticamente todas as faixas etárias.
À semelhança da mulher, no homem não existe um padrão de beleza válido para todas as raças ou culturas. Alguns traços parecem ser, contudo, critérios universais de beleza masculina, como a simetria e proporcionalidade e a ausência de traços demasiado marcados. A acentuação de traços masculinos requer um cuidado minucioso por parte do médico na hora do planeamento de tratamentos, já que as linhas de beleza masculina diferem muito do conceito de beleza feminino, devendo ser enquadradas nas expectativas, objetivos e necessidades de cada paciente.
Em geral, o homem apresenta traços mais fortes em relação à mulher. Analisando alguns detalhes do rosto masculino, constata-se que frequentemente existe um padrão de maior força muscular em relação ao sexo oposto; consequentemente, por exemplo, pode ser necessária uma dose efetivamente maior de toxina botulínica (vulgarmente conhecido como Botoxâ) para amenização de rugas de expressão na região frontal.
Outro exemplo, geralmente o homem apresenta no terço médio da face pómulos (“maçãs do rosto”) mais planos, com um arco zigomático (região malar) mais forte e um dorso nasal mais proeminente ou pronunciado. Uma mandíbula mais definida e linear é um sinal de uma face mais masculinizada, com um mento (queixo) mais largo e projetado.
Com o objetivo de melhorar alguns aspetos da sua imagem, sempre com resultados naturais e subtis e enquadrados no próprio biótipo facial individual, a Medicina Estética apresenta para o sexo masculino múltiplas soluções, sendo alguns dos exemplos de procedimentos mais procurados por este género:
- Aplicação de toxina botulínica (vulgarmente conhecido como Botoxâ) no terço superior da face para amenização de linhas de expressão (frontais, “pés-de-galinha” e glabelares), passando pelas axilas ou mãos nos casos de hiperhidrose (sudoração excessiva), até aos casos de bruxismo (contração exagerada dos músculos da mastigação sobretudo no período noturno);
- Procedimentos com ácido hialurónico ou bioestimuladores de colagénio para hidratação de pele, reposicionamento de volumes faciais/corporais ou atenuação de sulcos ou rugas;
- Aplicação de plasma rico em plaquetas e/ou mesoterapia nos casos de alopecia androgénica (queda de cabelo);
- Realização de tratamento com carboxiterapia nos casos de gordura localizada, alopecia ou cicatrizes.
Por outro lado, o homem presta menos cuidado na hora de aplicação de proteção solar, tendo consequências também ao nível da qualidade da pele, com alguns sinais de fotoenvelhecimento. Inversamente, a mulher tende a ter um padrão de fotoexposição muito mais prolongado e consistente, apesar de um maior cuidado generalizado com o uso de fotoprotetores.
Independentemente da idade, o sinal que mais parece preocupar o homem é, sem dúvida, a queda de cabelo. São inúmeras as opções terapêuticas que a Medicina Estética oferece (entre elas, mesoterapia, carboxiterapia ou plasma rico em plaquetas), com técnicas que não implicam um período de recuperação prolongado e que permitem a reincorporação imediata na sua atividade diária.
Tenho verificado, com agrado, que a população masculina tem perdido o preconceito na procura de procedimentos em Medicina Estética, ganhando confiança para uma procura na melhoria da sua imagem. Com uma crescente aceitação social e até como um sinal de autoestima, saúde e energia, muitos casos abordam, inicialmente, a consulta desta especialização com os companheiros, esposas ou amigos, em busca de uma imagem que transmita êxito e confiança.
Constato, no entanto, que no homem é mais difícil avaliar as suas expectativas iniciais, dada a maior dificuldade em exprimir-se ou verbalizar os seus desejos, de maneira não tão aberta como na mulher. Apenas após estabelecida a relação de confiança médico-paciente inicial, é possível ultrapassar este passo e ir assim ao encontro de todas as expectativas do paciente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como o “estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. A Medicina Estética apresenta-se, por esta razão, como uma importante área da Medicina na busca de melhoria da qualidade de vida e bem-estar social ao devolver e aumentar os níveis de autoestima através de uma aproximação holística e individual em cada paciente que recebo na minha consulta. O homem tem o direito de cuidar da sua aparência, tendo uma clara repercussão na sua autoestima, facto este que foi já comprovado através de vários estudos científicos.
Antes de realizar qualquer tratamento, deve ser feita uma correta avaliação individual, uma exaustiva história clínica e exame clínico do paciente para descartar possíveis contraindicações. Por fim, insisto sempre que o médico tenha a formação e prática adequadas em Medicina Estética, que a marca do produto utilizado esteja autorizada para o uso nesta área e que seja assinado um consentimento informado antes do procedimento. Apenas um médico poderá garantir uma correta anamnese e exploração pré-procedimento com conhecimentos sobre anatomia e resposta ao tratamento. É fundamental garantir a segurança nos procedimentos médicos, procurando sempre uma opinião especializada.